A Revolução de 1917 corresponde aos anos de surgimento do cinema. A construção de uma nova sociedade compreende o amadurecimento de uma arte que era ao mesmo um campo de divulgação e apropriação popular e um campo de experimentação.
Serguei Eisenstein, um dos cineastas e pensadores de vanguarda mais importantes do século XX, participou ativamente da Revolução de 1917 e declarou: “A Revolução me deu o que eu tenho de mais importante na vida, ela me tornou um artista… e se a Revolução me conduziu à arte, a arte, por sua vez, me fez mergulhar da cabeça aos pés na Revolução.”
Leia trechos do célebre artigo de Eisenstein intitulado “Método de realização de um filme operário” (publicado no jornal Kino em 11 de agosto de 1925).
Para a realização de qualquer filme existe apenas um método: a montagem de atrações. Para saber como e porque, veja-se o livro Cinema Hoje. Nele – a bem dizer, de modo um tanto intrincado e ilegível – está exposta minha concepção da construção de um filme.
O caráter de classe se manifesta:
1. Na definição proposta da obra: na utilidade social do efeito da descarga emocional e psicológica do público, originada de uma cadeia de estímulos que lhe é dirigida de maneira adequada. A este feito socialmente útil chamo de conteúdo da obra.
(…)
2. Na escolha dos próprios estímulos. Em duas direções. Pela correta avaliação de sua inevitável eficácia de classe: isto é, um determinado estímulo é capaz de provocar uma determinada reação (efeito) apenas em um público de determinada classe.
Selecionamos alguns dos filmes soviéticos realizados na época da Revolução (até nos anos 1930) que ajudam a conhecer, ao mesmo tempo, a história da tomada de poder pelos soviets e a história do cinema.
A greve | Стачка, Serguei M. Eisenstein, URSS, 1924, 73′
Em uma fábrica na Rússia czarista, o suicídio de um trabalhador provocará uma greve.
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Assistentes de direção: Grigori Alexandrov, Ilia Kravtchounovski, Alexandre Levchine
Roteiristas: Grigori Alexandrov, Serguei M. Eisenstein, Ilia Kravtchounovski, Valeri Pletnev
Produtora: Proletkult, Goskino
Diretor de produção: Boris Mikhine
Diretor de fotografia: Edouard Tissé
Diretor de arte: Vasili Rakhals
Montador: Serguei M. Eisenstein
Atores: Aleksandr Antonov, Mikhaïl Gomorov, Grigori Alexandrov, Ivan Klioukvine, Vladimir Ouralski, Maxime Strauch, Boris Yourtsev, Ivan Ivanov, Judith Glizer, O. Petrovskaia, P. Malek, P. Kourbatov, A. Yanichevski, Naumovich, B. Charouev.
Kino-Pravda | КИНО-ПРАВДА, Dziga Vertov, URSS, 1925
Entre 1922 e 1925, um total de 23 reportagens de Dziga Vertov, Kino-Pravda, foram exibidos. O objetivo de Vertov era criar uma espécie de “jornal de cinema”; o título é uma homenagem ao jornal Pravda, fundado por Lênin. Assim como a série de reportagens Kinonedelja (1918-1919), as edições Kino-Pravda oferecem uma visão fascinante do início da União Soviética e demonstram o rápido desenvolvimento da linguagem cinematográfica de Vertov.
Soviets, avante! | Dziga Vertov, URSS, 1926, 65′
Documentário comissionado pelo Mossoviet (governo de Moscou) para as eleições de 1925. Vertov foi encarregado de realizar um novo filme de propaganda. Contra as diretrizes políticas, o cineasta escolheu filmar os esforços do povo russo, sob o impulso do Partido Comunista, para reconstruir a cidade e a economia do país.
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Operadores de câmera: Ivan Beliakov, Mikhaïl Kaufman
Montagem: Dziga Vertov
Produtora: Goskino
Outubro: Dez dias que abalaram o mundo | Октябрь, Sergueï M. Eisenstein, URSS, 1927, 130′
Filme comemorativo aos 10 anos da Revolucão de 1917 que retrata a passagem do poder para as mãos dos soviets.
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Assistantes de direção: Grigori Alexandrov, Maxime Strauch, Mikhaïl Gomorov, Ilya Trauberg
A queda da dinastia dos Romanoff | Padenie dinasti Romanovykh, Esther Choub, URSS, 1927, 90′
A montadora de Eisenstein foi a primeira pessoa a realizar um documentário inteiramente construído a partir de imagens de arquivo – notícias publicadas entre 1912 e 1917. O conjunto de trechos traz à luz as contradições da sociedade anterior à Revolução, alternando imagens da vida do czar e a dos camponeses e trabalhadores. A oposição entre a riqueza de alguns e a angústia de outros causa uma forte emoção entre o público soviético. O filme é muito apreciado, não apenas pelo governo soviético, como também por seus colegas de profissão, incluindo Lev Kuleshov.
A nova babilônia | Новый Вавилон, Grigori Kozintsev, Leonid Trauberg, URSS, 1929, 80′
Vida e morte da Comuna de Paris (1870) vista pelos olhos de uma vendedora da Nova babilônia.
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Roteiro: Grigori Kozintsev, Leonid Trauberg
Diretores de fotografia: Adrej Moskovin, Evgenij Mihajlov
Diretor de arte: Eevgenij Enej
Música original: Dimitrij Sostakovic
Atores: Elena Kuzmina, Petr Sobolevskij, David Gutman, Sofia Magarill, Sergei Gerasimov.
Três cantos sobre Lênin | Три песни о Ленине, Dziga Vertov, URSS, 1934, 57′
Dziga Vertov filmou por toda a URSS a fim de ilustrar três canções populares dedicadas a Lênin.
Conteúdo relacionado ao livro Petrogrado, Xangai.