[Conteúdo] Esperança revolucionária: Uma conversa entre James Baldwin e Audre Lorde

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15 minutos de leitura

Conversa no Hampshire College em Amherst (ma). Originalmente publicada na Essence Magazine, em 1984.

 

O diálogo revela a importância de reconhecer que histórias raciais compartilhadas não podem ofuscar as histórias divergentes de gênero entre homens e mulheres negros.

JB: Um dos perigos de ser um americano negro é ser esquizofrênico, e digo “esquizofrênico” no sentido mais literal. Ser um americano negro é, de certa forma, nascer com o desejo de ser branco. É parte do preço que você paga por ter nascido aqui, e isso afeta todos as pessoas negras. Podemos falar do Vietnã, podemos falar da Coreia. Podemos falar até da Primeira Guerra Mundial. Podemos falar de w. e. b. Du Bois – um homem honrado e bonito – que fez campanha para persuadir negros a lutar na Primeira GM, dizendo que, se lutássemos na guerra para salvar este país, nosso direito à cidadania nunca mais seria questionado – e quem pode culpá-lo? Ele realmente quis dizer isso, e, se eu estivesse lá naquele momento, talvez também tivesse dito isso. Du Bois acreditava no sonho americano. Martin também. Malcolm também. Eu também. Você também. É por isso que estamos sentados aqui.

AL: Eu não, querido. Sinto muito, mas não posso deixar de falar. No fundo, no fundo, sei que esse sonho nunca foi meu. E eu lamentei e chorei e lutei e explodi de raiva, mas eu sabia. Eu era negra. Eu era mulher. E eu estava fora – fora – de qualquer estrutura de poder. Então, se eu fosse [deixar isso] me enlouquecer, e continuasse vivendo, eu estaria sozinha. Ninguém sonhava comigo. Ninguém ao menos me estudava, exceto como algo a ser aniquilado.

JB: Você quer dizer que não existe no sonho americano se não em sua forma de pesadelo.

AL: Isso aí. E eu sabia disso toda vez que abria a [revista] Jet. Eu sabia toda vez que abria uma caixa [de absorventes] da Kotex. Eu sabia toda vez que ia à escola. Eu sabia toda vez que abria um livro de orações. Eu sabia, eu simplesmente sabia.

JB: É difícil nascer em um lugar onde você é desprezado e onde existe a promessa de que, com esforço – com isso, com aquilo, você sabe – você pode realizar o impossível. Você tenta dar conta do homem, da mulher, da criança – a criança de qualquer sexo – e ele ou ela e seu homem ou sua mulher precisam dar conta dos fatos da vida 24 horas por dia neste país. Não vamos sair voando para outro lugar, sabe, é melhor aguentarmos qualquer coisa que aconteça num dia e ainda termos um ao outro e ainda criarmos filhos – de alguma forma, gerenciar isso tudo. E isso é 24 horas por dia, com você cercado por toda a parafernália da segurança: caso você consiga fazer uma barganha aqui; garantir que suas axilas não fedam; enrolar seu cabelo; ser impecável. Fazer todas as coisas que o público americano diz que você deve fazer, certo? E você faz todas essas coisas – e nada acontece, na verdade. E o que é muito pior do que isso, nada acontece para o seu filho também.

AL: Pior do que o pesadelo é o espaço vazio. E as mulheres negras estão no espaço vazio. Eu não quero remexer [na questão racial] e parar no muro que divide masculino e feminino. Quando admitimos e lidamos com a diferença; quando lidamos com a profunda amargura; quando lidamos com o horror de nossos diferentes pesadelos; quando os cutucamos e olhamos para eles, é como encarar a morte: difícil, mas possível. Se você olhar diretamente para ela, sem abraçá-la, então muito poucas coisas serão capazes de lhe causar medo.

JB: Concordo.

AL: Bem, da mesma maneira, quando olharmos para as nossas diferenças e não nos deixarmos dividir, quando as possuírmos e não sermos divididos por elas, então poderemos seguir em frente. Mas ainda não chegamos à estaca zero.

JB: Não tenho certeza disso. Penso que os conceitos de homem e mulher da comunidade negra são muito mais sofisticados do que as noções ocidentais. Eu acho que homens e mulheres negros são muito menos facilmente abalados pela questão de gênero ou pela questão de preferência sexual – all that jazz. Pelo menos na minha experiência pessoal.

AL: Sim, mas nos afastemos de uma posição meramente reativa – ou seja, homens e mulheres negros reagindo ao que está por aí. Enquanto reagimos ao que está lá fora, também estamos lidando uns com os outros – e entre nós existem diferenças de poder que diminuem…

JB: Ah, sim…

AL: Lidar verdadeiramente com a forma como vivemos, reconhecendo as diferenças uns dos outros – é algo que não aconteceu…

JB: Diferenças e semelhanças.

AL: Diferenças e semelhanças. Mas, em uma crise, quando os nossos traseiros estão na reta, parece ser mais fácil lidar com as mesmices. Quando lidamos apenas com as mesmices, criamos armas que acabamos usando uns contra os outros quando as diferenças [internas] se tornam aparentes. E acabamos uns com os outros – homens e mulheres negros podem acabar uns com os outros – de forma muito mais efetiva do que pessoas de fora [podem acabar conosco].

JB: Isso é verdade.

AL: E estamos com sangue nos olhos, nossas fúrias estão atiçadas. Falo do que as mulheres negras fazem umas com as outras, do que os homens negros fazem uns com os outros, do que as pessoas negras fazem entre si. Trabalhamos para destruir um ao outro de alguma forma – e essencialmente fazemos o serviço do nosso inimigo.

JB: Isso é verdade.

AL: Precisamos reconhecer essas diferenças de poder entre nós e ver até onde elas nos levam. Uma quantidade enorme de energia é gasta por homens e mulheres negros para negar as diferenças internas de poder ou brigar pelas diferenças internas de poder ou se matar por causa delas. Estou falando do sangue de mulheres negras espalhado pelas ruas – e como fazer com que um garoto de 14 anos saiba que eu não sou o alvo legítimo de sua fúria? A bota está em ambos os nossos pescoços. Vamos falar sobre isso. Meu sangue não lavará o seu horror. É isso que estou interessada em transmitir a garotos negros adolescentes.

Existem menininhas negras tendo bebês. Mas não se trata de concepções imaculadas, de modo que também existem meninos negros fazendo bebês. Menininhos negros fazendo menininhos negros. Quero lidar com isso para que nossos filhos não caiam nesse desperdício de vida.

JB: Eu te entendo – mas deixe-me voltar um pouco, para o bem ou para o mal. Você sabe, por qualquer motivo que seja, e independente de isso estar certo ou errado, há gerações os homens vêm ao mundo sabendo instintivamente, acreditando ou sendo ensinados que, porque são homens, de uma maneira ou de outra, são responsáveis por mulheres e crianças, ou seja pelo universo.

AL: Uhum.

JB: Eu não acho que exista uma maneira de contornar isso.

AL: Uma maneira de contornar isso agora?

JB: Não acho que haja uma maneira de contornar esse fato.

AL: Se fomos capazes de colocar pessoas na lua, e se somos capazes de explodir todo este planeta, se escavamos 46 centímetros de sujeira radioativa da Fenda do Bikini e conseguimos encontrar alguma utilidade para isso – se podemos fazer isso, nós, negros, trabalhadores da cultura, podemos, de alguma forma, começar a mudar as coisas – porque não há mais quem compre uma “política das cavernas” – “mate o mamute ou nossa espécie será extinta”. Aqueles menininhos safados do sexto ano – quero que essas crianças negras saibam que a força bruta não é uma maneira legítima de lidar com a diferença de sexo. Eu quero forjar novos paradigmas.

JB: Sim, mas existe uma diferença real entre o modo como o homem vê o mundo…

AL: Sim, sim…

JB: E o modo como a mulher vê o mundo. Uma mulher sabe muito mais do que um homem.

AL: E por quê? Pela mesma razão que os negros sabem o que os brancos estão pensando: porque tivemos que aprender para sobrevivermos…

JB: Tudo bem, tudo bem…

AL: Estamos fartas de servir de ponte. Você não vê? Não são as mulheres negras que derramam o sangue dos homens negros pelas ruas – ainda. Não estamos abrindo a sua cabeça com um machado. Não estamos atirando em você. Estamos dizendo: “Escuta, o que acontece entre nós se parece com o que acontece entre nós e as outras pessoas”, e temos que resolver nossas merdas internas enquanto protegemos nossos traseiros negros, do contrário gastaremos uma energia de que precisamos para a sobrevivência do coletivo.

JB: Eu nem discordo – mas se você argumentar dessa maneira, veja, um homem tem uma certa história para contar também, justamente porque ele é um homem…

AL: Sim, sim, e é preciso que eu esteja viva para poder ouvi-la.

JB: Sim. Porque nós somos a única esperança que temos. Uma briga de família é uma coisa; uma discussão pública é outra. E você e eu, você sabe – na cozinha, com as crianças, com os amigos ou na cama – temos muito a resolver, mas precisamos saber com o que estamos lidando. E não há maneira de contornar isso. Não há maneira de contornar isso. Eu sou um homem. Eu não sou uma mulher.

AL: Tá certo, tá certo.

JB: Ninguém vai me transformar em mulher. Você é uma mulher e não um homem. Ninguém te transformará num homem. E somos indispensáveis um para o outro, e as crianças dependem de nós dois.

AL: É vital para mim que eu seja capaz de te ouvir, ouvir o que te define, e que você me escute, que ouça o que me define – porque, enquanto estivermos operando neste padrão caduco, ele não serve a ninguém, certamente não tem nos servido.

JB: Eu sei disso. O que eu realmente acho é que nenhum de nós teria algo a provar, pelo menos não da mesma maneira, se não estivéssemos na selva que é a América do Norte. E a inevitável discórdia entre irmão e irmã, entre homem e mulher – vamos encarar, todas as relações enraizadas no amor descambam em brigas assim. Porque nossa verdadeira responsabilidade é redefinir um ao outro infinitamente. Não posso viver sem você, e você não pode viver sem mim – e as crianças não podem viver sem nós.

AL: Mas precisamos nos definir um para o outro. Temos que nos redefinir um para o outro, porque não importam quais sejam os fundamentos da distorção, o fato é que a absorvemos. Todos nós absorvemos essa doença e essas ideias da mesma maneira que absorvemos o racismo. É vital que lidemos constantemente com o racismo e com o racismo branco entre os negros – que reconheçamos isso como uma área legítima de investigação. Também devemos examinar as maneiras pelas quais absorvemos o sexismo e a heteronormatividade. São normas ditadas por este dragão onde nascemos – e precisamos examinar essas distorções com a mesma abertura e a mesma dedicação com que examinamos o racismo…

JB: Você usa a palavra “racismo”…

AL: O ódio ao negro, ou a pessoas de cor…

JB: – mas por trás da palavra “racismo” está a palavra “segurança”. Por que é importante ser branco ou negro?

AL: Por que é importante ser homem e não mulher?

JB: Supõe-se que seja mais seguro ser branco do que ser negro. E supõe-se que seja mais seguro ser homem do que ser mulher. Essas são suposições masculinas. Mas essas são as suposições que estamos tentando superar ou enfrentar…

AL: Enfrentar, sim. A vulnerabilidade que está por trás dessas suposições masculinas se mostra diferente para mim e para você, e devemos começar a olhar para isso…

JB: Sim, sim…

AL: E a fúria que é gerada a partir da negação dessa vulnerabilidade – temos que acabar com isso, porque há meninos acreditando que é legítimo derramar sangue feminino, certo? Eu tenho que acabar com isso, porque há meninos que realmente pensam que engravidar uma menina da sexta série é sinal de virilidade. Eu tenho que acabar com isso por causa da menininha da sexta série que acredita que a única coisa na vida que ela tem é aquilo que está entre suas pernas…

JB: Sim, mas não estamos falando agora de homens e mulheres. Estamos falando de uma sociedade específica. Estamos falando de um tempo e um local específicos. Você falava de sangue negro derramado pelas ruas, mas não entendo –

AL: Ok, os policiais matam os homens e os homens matam as mulheres. Estou falando de estupro. Estou falando de assassinato.

JB: Não discordo de você, mas acho que você está mirando no alvo errado. Não estou tentando limpar a barra do homem negro ­– ou das mulheres negras, por sinal –, mas quero falar do reino em que vivemos.

AL: Sim, eu concordo totalmente; o reino em que essas distorções ocorrem tem que ser mudado.

JB: Algo acontece com o homem que bate em uma mulher. Algo acontece com o homem que bate na avó. Algo acontece com o drogado. Eu sei disso muito bem. Eu andei pelas ruas do Harlem; eu cresci lá, certo? Agora, você sabe que o malandro negro que me vê na rua e tenta me assaltar não tem culpa. Eu tenho que saber disso. É responsabilidade dele, mas não é culpa dele. Há uma diferença sutil. Eu tenho que saber que não é ele o meu inimigo, mesmo quando ele bate na avó. A avó dele tem que saber. Estou tentando dizer que é preciso ver o que nos levou às ruas. Nós dois somos da mesma quebrada. Você entende o que eu quero dizer? Eu mesmo já fui para casa querendo dar porrada em alguma coisa – mas Audre, Audre…

AL: Estou aqui, estou aqui…

JB: Eu concordo com você. Entendo exatamente o que você quer dizer e isso me machuca pelo menos tanto quanto machuca você. Mas como manobrar para fora dessa situação – como não perder aquele ou aquela que se encontra, de fato, em território ocupado? É disso que se trata a situação dos negros neste país. No gueto, só falta o arame farpado, e quando você enjaula as pessoas feito animais, a intenção é rebaixá-las, e deu certo.

AL: Jimmy, não estamos discutindo.

JB: Eu sei que não.

AL: Mas divergimos quanto a sua responsabilidade, não apenas comigo, mas para com o meu filho e os nossos meninos. Sua responsabilidade é se conectar com ele de uma maneira que eu nunca poderei, porque ele não saiu do meu corpo e tem um relacionamento diferente comigo. Em seu relacionamento com ele, enquanto pai, você deve dizer a ele que eu não sou um alvo adequado para a sua fúria.

JB: Ok, ok…

AL: Está tão arraigado nele quanto a negritude.

JB: Tudo bem, tudo bem…

AL: Eu não tenho como fazer isso. Você é que tem que fazer.

JB: Tudo bem, eu aceito – o desafio existe em qualquer caso. Nunca pensei diferente. É totalmente verdade. Eu só quero aponar onde mora o perigo…

AL: Sim, estamos em guerra…

JB: Estamos trancados pelos portões de um reino determinado a nos destruir.

AL: Sim, exatamente. E eu quero garantir que não aceitemos a destruição uns dos outros. E acho que repelir as nossas diferenças é uma maneira de nos destruírmos. Abafar o sexo. Abafar a questão da sexualidade…

JB: Não sei bem o que fazer com isso, mas concordo com você. E entendo exatamente o que você quer dizer. Você está certa. Gêneros nos confundem – você sabe, a noção ocidental de mulher, que não necessariamente representa o que é uma mulher, certamente não é a noção africana do que é uma mulher. E com certeza não há um padrão respeitável de masculinidade neste país. Parte do horror de ser um americano negro é que estamos fadados a ser a imitação de uma imitação.

AL: Não posso lhe dizer o que eu gostaria que você fizesse. Não consigo redefinir a masculinidade. Com certeza, não consigo redefinir a masculinidade negra. Trabalho para redefinir a feminilidade negra. Você está na função de redefinir a masculinidade negra. E eu digo: “Ei, por favor, continue”, porque não sei por quanto tempo posso segurar esse forte, e realmente sinto que as mulheres negras têm o segurado, e estamos começando a segurá-lo de maneiras que tornam o diálogo menos possível.

JB: Mesmo? Por que você diz isso? Eu não sinto isso nem um pouco. Me parece que você culpa o homem negro pela armadilha em que ele se encontra.

AL: Não estou culpando o homem negro. Eu estou dizendo, “não derrame meu sangue”. Eu não estou culpando o homem negro. Estou dizendo que se meu sangue está sendo derramado, em algum momento eu terei um motivo legítimo para pegar uma faca e cortar a porcaria da sua cabeça, e estou tentando não fazê-lo.

JB: Quando você enlouquece um homem, você o transforma em um animal – isso não tem nada a ver com a cor dele.

AL: Quando você enlouquece uma mulher, ela reage como uma fera também. Existe uma estrutura, uma sociedade contra a qual estamos em guerra absoluta. Vivemos na boca de um dragão e precisamos juntar forças para combatê-lo, precisamos um do outro. Em nossa batalha conjunta, desenvolvemos algumas armas poderosas e, quando as usamos uns contra os outros, elas são ainda mais destrutivas, porque conhecemos nossas particularidades. Quando usamos essas armas uns contra os outros, o derramamento de sangue é terrível. Pior ainda, porque estamos fazendo isso numa estrutura em que já estamos encrencados. Eu não nego isso. É uma discussão de família que estou tendo agora. Não quero culpar. Não culpo os homens negros pelo que são. Estou pedindo para que se superem. Não culpo os homens negros; só digo que precisamos repensar a maneira como combatemos nossa opressão comum, porque, se não o fizermos, estaremos destruindo um ao outro. Temos que começar a redefinir os termos do que é a mulher, do que é o homem, e de como nos relacionamos.

JB: Mas para isso precisamos redefinir os termos do mundo ocidental…

AL: E nós dois temos que fazer isso; nós dois temos que fazer isso…

JB: Mas você não percebe que nesta república o verdadeiro crime é ser um homem negro?

AL: Não, eu não percebo isso. Eu percebo que o verdadeiro crime é ser uma pessoa negra. Sei que o verdadeiro crime é ser negro, e isso também me inclui.

JB: O homem negro tem um um pênis, eles o castram. O homem negro é taxado de ****** quando tenta ser um exemplo para seus filhos e proteger suas mulheres. Esse é o verdadeiro crime nesta república. E todo homem negro sabe disso. E toda mulher negra paga por isso. E toda criança negra. Como você pode ser sentimental a ponto de culpar o homem negro por algo que não tem nada a ver com ele?

AL: Você ainda não superou essa história de culpa. Não estou interessada em culpar, estou interessada em mudança…

JB: Posso te dizer uma coisa? Posso te dizer uma coisa? Posso estar errado ou certo.

AL: Não sei – diga.

JB: Você sabe o que acontece com um homem?

AL: Como eu poderia saber o que acontece com um homem?

JB: Você sabe o que acontece com um homem quando ele se envergonha por não conseguir encontrar um emprego? Quando suas meias fedem? Quando ele não é capaz de proteger ninguém? Quando ele não pode fazer nada? Você sabe o que acontece com um homem quando ele não consegue enfrentar os filhos porque tem vergonha de si mesmo? Não é como ser mulher…

AL: Não, você tem razão. Você sabe o que acontece com uma mulher quando dá à luz, coloca a criança no mundo e tem que se prostituir para alimentá-la? Você sabe o que acontece com uma mulher que enlouquece e bate nos filhos porque se sente frustrada e tem muita raiva? Você sabe o que é isso? Você sabe o que acontece com uma lésbica que vê sua mulher e seu filho serem espancados na rua enquanto outros seis homens a seguram? Você sabe como é isso?

JB: Uhum.

AL: Bem, então, assim como você sabe o que sente uma mulher, eu sei o que sente um homem, porque tudo se resume a seres humanos frustrados e distorcidos, porque não podemos proteger as pessoas que amamos. Então vamos começar –

JB: Tudo bem, ok…

AL: – vamos começar por aí e ir nos ajustando.

Essence Magazine, 1984

Traduzido do inglês por MARIA CHIARETTI e JÚLIA KNAIPP.

FONTE:  mocada-museum

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